Instituto de Socorros a Náufragos

Joaquim Lopes

Patrão de Salva-Vidas

PATRÃO LOPES
Joaquim Lopes
 (Olhão, 1798 - Paço de Arcos, 1890)

Joaquim Lopes nasce em Olhão no ano de 1798, aos 10 anos já andava na faina do mar, aos 19 anos emigrou como pescador para Gibraltar mas, sem sucesso, pelo que aos 21 anos foi viver para a Vila de Paço de Arcos, onde já viviam muitos algarvios e onde trabalhou como remador da falua do Bugio que fazia o aprovisionamento do Forte do Bugio.

O seu primeiro ato de heroísmo acontece aos 25 anos, em Oeiras, na data de 29 de julho de 1823, quando um homem na foz da ribeira de Oeiras, pretende atravessar com o filho às costas. Ambos teriam morrido se não fosse a rápida intervenção de Joaquim Lopes, que mesmo todo vestido trouxe primeiro o miúdo para terra, e depois foi buscar o pai que já se debatia com dificuldade.

Tempos depois estava ele no farol do Bugio, quando um cabo de artilharia foi arrastado pelo mar. Joaquim Lopes pediu aos companheiros para segurarem na ponta de um cabo, lançou-se à água e recolheu o homem que estava a ser atirado contra os rochedos. Embora fosse o remador mais jovem, subiu ao cargo de Patrão da Falua do Bugio em 1833.

Em 1856 numa noite de tempestade, acordou com os tiros de alarme no Bugio e em S. Julião, algo se passava no seu mar. Joaquim Lopes, o seu filho Quirino e alguns voluntários, meteram-se ao mar na Falua e enfrentaram a tormenta. A escuna inglesa Howard Primorose, encalhara no Bugio ficando desmantelada, seis horas de luta com as ondas e não se conseguiam aproximar, o Patrão decide voltar a Paço de Arcos e buscar a sua lancha de pesca, mais rápida nas manobras, mais seis horas de luta, chegam aos destroços de onde salvam 5 marinheiros e o capitão, ao fim da tarde chegam a Belém. Mais tarde foram agraciados pelo governo Inglês com a medalha de prata da Rainha Vitória, Joaquim Lopes foi condecorado pelo nosso governo.

Anos mais tarde a escuna inglesa British Queen, encalha no Bugio no meio de tremenda tempestade, não se conseguindo aproximar, veem desaparecer um a um os membros da tripulação, conseguem salvar o capitão e um cão.

A França concedeu-lhe a medalha de "Dedicação e Mérito" por ter salvo parte da tripulação do Esthefanie que se partira todo junto ao Bugio.

Foi pedido um salva-vidas porque a falua era pesada, o salva-vidas foi colocado erradamente em Belém, pois quando chegava ao local, já os Lopes tinham efetuado os salvamentos.

Em 1859 o salva-vidas é colocado em Paço de Arcos sob as ordens do Patrão.

Pelo salvamento do Bergantim espanhol Achiles foi concedida a medalha de ouro de "Distinção Humanitária" pelo governo espanhol.

Tempos depois salvam toda a tripulação do iate português Almirante. El Rei D. Luís reconhece-lhe o seu valor e coloca-lhe, em 1862, sobre os ombros o colar de "Oficial de Torre e Espada", Joaquim Lopes comovido chora nos braços do Rei.

A sua questão económica é colocada no parlamento e é concedida uma pensão anual de 240 mil reis, por fim o governo irá graduá-lo em 2º Tenente da Armada.

Aos 84 anos já não vai tanto ao mar, será o seu filho Quirino que o substituirá no salva-vidas. Despede-se dos salvamentos, num dia em que o seu filho se encontra em Belém com a Falua, ele não hesita, manda tocar o sino a rebate, vai às costas de um dos seus homens e é amarrado ao leme do salva-vidas, para salvar o lugre inglês Lancy, ao ouvir o sino Quirino regressa para colocar o pai na Falua e vai salvar com o salva-vidas a tripulação do lugre.

A morte espera-o no ano de 1890 aos 92 anos de idade, dois anos antes da criação do Instituto de Socorros a Náufragos.

Em Paço de Arcos reúnem-se 4 vapores que acompanharão o salva-vidas com o cadáver.

Seguirá para o cemitério dos Prazeres, sempre acompanhado por El Rei D. Carlos. Mais tarde será trasladado para o cemitério de Oeiras, onde será erigido um mausoléu.

Em Olhão, no Jardim Patrão Joaquim Lopes inaugurado em 1957 (frente à Ria Formosa), foi colocado um seu busto em 1976.